segunda-feira, 18 de junho de 2012

A VIAGEM DE NOSSAS VIDAS (I)


A VIAGEM DE NOSSAS VIDAS (I)

Jean Kleber Mattos



Este é o relato de uma experiência de reencontro com Ipueiras e ipueirenses, parentes e amigos de minha infância, no período de 14 a 23 de janeiro de 2007, partindo de Brasília. Dividi-o em três capítulos para não me tornar fastidioso. Este é o primeiro deles.

Na véspera da viagem, ainda em Brasília, minha mulher Heloísa parecia tensa com a perspectiva do inusitado. “Fique tranqüila – falei – esta será a viagem de nossas vidas. Algo para ser sempre relembrado com alegria e saudade.” E de fato foi, conforme o relato a seguir.

Logo no dia da chegada em Fortaleza, domingo, o reencontro com Marcondes e Solange, os filhos de seu Wencery. Eles foram à casa de meu pai onde estávamos hospedados. Reencontraram o mestre do tempo de infância e conferiram a relíquia do Educandário, ou seja, os diários de classe, com seus nomes.  A seguir levaram-nos ao “Café do Sertão”, no Euzébio, onde compartilhamos tapiocas e cajuína. Não os via há décadas. Custava-me crer que aquilo tudo estava acontecendo. Dois ídolos meus da “Internet”. Ali, ao vivo e a cores, como diz Tereza Mourão. Papo universitário por excelência.

Na quarta feira, minha mulher e minha filha Vanessa faziam às compras à noite, na feira da Volta da Jurema, quando Ivan, meu filho mais novo, com sono, pediu para sentar num banco de praça. Ao nosso lado, no mesmo banco, uma simpática senhora nos perguntou de onde éramos. “De Brasília, mas sou cearense”, falei. “Eu também vim de Brasília”, retrucou ela, “mas nasci em Ipueiras. Sou da família Fontenele. Meu nome é Sandra.” Fiquei admirado: “conheço o Tadeu Fontenele do grupo da “Internet”, falei”. “Ela sorriu e disse: ele está vindo me apanhar...lá está ele !”. Atravessei a rua junto com ela e conheci pessoalmente o Tadeu que estava no carro, ao lado da irmã Maria Inês, que eu já conhecia de Brasília. Encontro inesperado. “Não existe acaso, Jean Kleber”, sentenciou mais tarde o Tadeu, quando nos falamos ao telefone: “a gente tinha que se encontrar”.

Na quinta feira pela manhã, fomos em família com seu Mattos a Aquiraz homenagear a minha mãe, D. Mundita, em seu jazigo naquela cidade. O reencontro com os primos da cidade. Acolhida carinhosa. Refresco de graviola. Flores, lágrimas e orações. À tarde, Solange levou-nos exemplares do livro “Educação: Insistências e Mutações”, de autoria do Marcondes: uma para meu pai, outro para mim (autografados) e mais alguns para o Instituto Frota Neto em Ipueiras. Eu seria o portador.

À noite foi o jantar no apartamento do Carlito Matos, meu primo, na companhia de Costa Matos, a esposa Aldery e mais os netos e a nora. Reviramos saudades, como diria Walmir Rosa. Vimos um “show” exclusivo e doméstico do Carlito, grande compositor e intérprete, misto de engenheiro de pesca, compositor, músico e humorista. Impagável! Bebemos à sabedoria de Costa Matos, que presenteou-me com quatro obras literárias premiadas de sua autoria: “Na Trilha dos Matuiús”, “Estações de Sonetos”, “O Rio Subterrâneo”, “O Povoamento da Solidão”, alem de seu Discurso de Posse como membro da Academia Cearense de Letras. Do Carlito, ganhei CDs e DVDs contendo suas composições e reportagens. Revi a simpatia de Aldery. Costa Matos é meu padrinho de crisma.

Na sexta pela manhã entramos de mala e cuia na “Van” do primo Valdery, contratado para nos levar à Ipueiras. Tomamos o caminho de Canindé. Mais curto e menos trafegado.

Começava ali o segundo capítulo da grande viagem, rumo aos reencontros emocionados, aos abraços, aos doces, feiras, festas e forrós...

Agüenta coração!

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