domingo, 27 de dezembro de 2009

VOANDO COM FROTA NETO


Por Jean Kleber Mattos / Brasília, Junho-2006

Certo dia eu embarquei no aeroporto de Brasília com destino à Fortaleza, para gozo de férias. Meus pais já moravam comigo em Brasília, mas eu não dispensava aquela pequena temporada anual na terrinha.

Nossa casa em Fortaleza estava sob os cuidados de minha tia, D.Francisquinha, irmã de meu pai, que lá morava com o marido Francisco Fontes e a filha Salete.Uma alegre e numerosa comitiva havia embarcado antes de mim.

Quando entrei no avião ouvi alguém me chamar pelo meu nome "ipueirense" de infância:- Klebinho!

Era Frota Neto, então porta-voz do presidente Sarney, que estava indo à Fortaleza para o casamento da filha. Grande alegria! Muitos anos haviam se passado desde nosso ultimo encontro em Fortaleza, quando eu ainda estava no Cursinho Pré-Vestibular. Naquela ocasião, ele, recém-chegado de Cuba, havia me instruído sobre os programas sociais da ilha, pelos quais se entusiasmara. Meu assento no avião tinha número baixo, logo no início. O dele ficava mais ao fundo. O voo aguardava passageiros de conexão de forma que, por alguns minutos, Frota Neto, com admirável simplicidade, sentado no braço da poltrona, colocou a conversa em dia. Perguntou por "seu" Mattos, por D. Mundita, deu notícias de amigos de Ipueiras e apresentou-me a alguns colegas jornalistas que o acompanhavam ao grande evento.

Embarcados os passageiros da conexão, a comissária pediu que nos acomodássemos para a partida. Foi quando tive a ideia de documentar aquele encontro histórico. Consegui um pedaço de papel e tão logo o voo estabilizou fui até onde estava o Frota. Pedi-lhe que escrevesse uma mensagem para meu pai, seu professor na escola primária.Com entusiasmo, escreveu a mensagem, enquanto comentava alegremente com seus colegas sobre Ipueiras e nossa infância.

De repente era como se o tempo não tivesse passado. Ali estávamos, meninos de Ipueiras, Kleber e o "Antônio do Idálio", fazendo nossa pândega. No Bhagavad-gita li, certa vez, uma singela lição sobre a atemporalidade do espírito. Havia um convite a que a experimentássemos. Só o corpo envelhece. Em essência, o nosso pensar, o nosso gostar e o nosso querer permanecem os mesmos. Einstein descreveu a relatividade do "passar do tempo" em função da velocidade. Mas o fato incrível naquele momento, é que a Ipueiras encantada de nossa infância estava nos rejuvenescendo!

De volta para minha poltrona algumas pessoas que eu nunca vira antes, cumprimentaram-me sorridentes. Retribuí satisfeito e acomodei-me no assento. Endorfinas em alta, de repente comecei a me sentir importante. E porque não? Afinal eu era amigo do "ôme"!

Foi aí que "caiu a ficha"...
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Foto: blog Ipueiras.com

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